PSD tem "maior liberdade" para criticar a 'troika'
"Na qualidade de membro de governo, [o ministro] expressou a sua reserva absoluta de se pronunciar num momento em que está a negociar com a 'troika'", afirmou o atual porta-voz do PSD. Que notou que a declaração que fez foi enquanto tal e que a reafirma "na totalidade".
"Se há uma instituição que produz relatórios, que fazem proclamações piedosas acerca de determinadas matérias de enorme relevância para os países que estão sob resgate financeiro e, se depois, aquilo que encontrámos não é consequente com o que está no relatório, não tenho de dúvidas em afirmar que se trata de hipocrisia institucional", insistiu esta quinta-feira à noite na Covilhã, à margem de um comício da candidatura social-democrata à autarquia local.
Também sobre as críticas dos ministros centristas (Pires de Lima e Mota Soares) ao relatório do FMI, o porta-voz do PSD afirmou que estes "foram de uma sobriedade total, de uma cautela total". E insistiu que tem "uma maior liberdade na qualidade de porta-voz do PSD e de expressar aquilo que é o pensamento" do seu partido.
Mas Marco António voltou a criticar a proposta socialista sobre o défice. "Se o PS afirma agora que deseja que, em 2014, seja fixada uma meta de 5% para o défice", o dirigente social-democrata questionou o facto de que "quando apresentou o PEC IV em 2011" tinha "como objetivo 1% de défice para 2014, [pelo que, deve explicar] que espiral recessiva seria necessário garantir para atingir os tais 1%". E concluiu que "o PS é traído pelos próprios argumentos que apresenta e é desmentido no seu populismo neste ambiente eleitoral".
Apesar do primeiro-ministro, Passos Coelho, e da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, terem defendido que "mais défice significa mais dívida", Marco António Costa não afastou a ideia do Governo pedir um défice superior aos 4% previstos para o próximo ano, nomeadamente de 4,5%.
"Acredito que o Governo manterá a linha que manteve até hoje [nas negociações]: discrição, eficiência e sempre na defesa do interesse nacional". E exemplificou com o facto de o Governo ter conseguido, no seu entendimento, nas negociações anteriores, "uma poupança a longo prazo de 4 mil milhões de euros para o Estado português e flexibilizar as metas do défice, sempre de uma forma discreta".